segunda-feira, 29 de março de 2010

Os desperdícios da Economia

Sobre este tema muito há a dizer. Sobretudo porque cada vez mais percebemos quão incompetentes e desleixados são os gestores, tanto de dinheiro público como privado.
É imperativo perceber que na Gestão e Administração de bens, capitais e serviços não se pode deixar perceber uma máxima muito importante: gere o dinheiro como se fosse teu!
Infelizmente, temos assistido a um desmoronamento da economia, sobretudo por falta de rigor na Gestão e na fiscalização desses actos económicos, públicos e privados.
Tanto no público como no privado, nunca é solução causar prejuízos directos à massa produtiva, principal factor de criação de riqueza na economia, logo, congelamento de salários só poderá trazer maior desmotivação económica, já que nem as empresas lucram ao pagar salários menores, pois sem dinheiro, não há consumo.
Assim, é imperativo que o desperdício seja combatido numa lógica de prioridades estruturais para uma sociedade desenvolvida.
Será expectável considerar prioritário que haja dinheiro para poder manter as forças de segurança devidamente equipadas com viaturas, que haja dinheiro para salários de todos os trabalhadores, que o Estado pague a tempo e horas aos seus fornecedores para garantir a circulação de capital, que se faça a devida manutenção das condições de trabalho nas escolas e hospitais, não sendo tão importante a despesa astronómica com as trocas de automóveis de altas individualidades do Estado, remodelação de Gabinetes Ministeriais, viagens de férias, supostas viagens de representação do Estado com dezenas de alegados empresários, sem termos o conhecimento concreto dos dividendos que o Estado receba.
Os milhões que são mal gastos (duvidosas despesas de representação, falta de rigor nos orçamentos públicos onde muitas vezes se adquirem bens ao dobro ou triplo do preço porque é o Estado – todos nós – que paga e não há controlo, os “Job for the boys” a preços astronómicos e em números ridículos nas Autarquias e na Administração Central, entre outros) daria para termos uma economia salutar e de capital circulante, ou seja, o dinheiro manter-se-ia sempre em circulação, garantindo que quem consome, paga o que comprou, as empresas teriam liquidez para pagar aos fornecedores, os fornecedores teriam liquides para manter a sua produção, ainda haveria garantidamente lugar a alguma poupança por parte das famílias e investimento por parte das empresas em geral, o que também traria uma boa fluidez de capital aos mercados financeiros.
O problema é que neste sistema capitalista continua a persistir a existência de regras que contribuam a para o acumular de grandes riquezas de poucos, à custa da diminuição de condições financeiras essencialmente dos trabalhadores, que acabam por sustentar os pobres e ajudar a tornar os ricos mais ricos, neste agravamento constante do dualismo económico.
Esquecemos que a Constituição da República Portuguesa prevê a obrigatoriedade legal de uma melhor redistribuição da riqueza, mas não vemos isso aplicado nas acções governamentais.
Não é admissível que um(a) trabalhador(a), numa fábrica, numa oficina, na construção civil, onde quer que seja, muitas vezes correndo riscos elevados de vida (porque nem sempre as empresas fornecem as melhores condições de segurança para a execução do trabalho) possa auferir o ordenado mínimo, e o seu chefe de departamento ganhe 3,4 ou 5 vezes mais, quando muitas vezes nem tem a performance profissional adequada para o seu lugar.
Urge que os principais economistas da nossa praça consigam fazer entender aos nossos legisladores políticos que é imperativo pagar mais e melhor, para garantir uma melhor circulação de capital.
Muitos académicos e economistas poderão dizer que esta medida traria mais despesa e ninguém quereria ir para a faculdade. Falso! O que é preciso é haver uma interligação entre Ensino Secundário, Ensino Superior e Mercado de Trabalho, no sentido de explicar aos jovens que mercado de trabalho existe no seu país e no seu continente, para que cada uma faça a sua escolha, havendo um acompanhamento constante dessa evolução, salvaguardando assim que se continue a formar pessoas nas áreas que o mercado de trabalho mais necessita, para no caso de haver excedente de profissionais qualificados e não qualificados em certas áreas, poder fomentar-se a livre circulação de trabalhadores dentro da União Europeia com mais segurança e eficácia.
Quanto ao trazer mais despesa também é falso, pois tal seria um investimento, já que qualquer trabalhador que disponha de capital, ou consome (garantindo a circulação salutar de capital na economia) ou coloca em poupança (garantindo a existência de capital nos mercados financeiros).
Do ponto de vista da Justiça Social. Uma das mais situações mais obscenas, é quererem alargar a idade da reforma dos funcionários, sabendo que muitos já não têm saúde para continuar a trabalhar, reduzindo os seus direitos económicos, mas têm o descaramento de manter as indemnizações absurdas a quem desempenhou cargos políticos e depois regressa à vida “civil”, sabendo que muitos acabam por serem colocados em lugares de destaque porque estiveram em cargos políticos relevantes.
Esta falta de respeito pelo cidadão em geral, e pelo trabalhador em particular, é sintomática do pensamento político corrente, no que toca às decisões administrativas dos dinheiros públicos e privados.

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